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DESCONTRAÇÃO E PRODUTIVIDADE




Para melhorar o clima, empresas escapam de regras tradicionais e investem em locais e rotinas de trabalho incomuns. Resultado: a produtividade da equipe aumenta

Fonte: Boa Chance

Por Eduardo Vanini


Não se engane ao chegar à sede da agência digital Huge, no jardim Botânico, e encontrar o diretor-geral vestindo bermuda e com uma garrafa de cerveja sobre a mesa:
- A gente rala muito. Quem disse que seriedade é sinônimo de sisudez? - questiona o dono do cargo, Eduardo Torres, que aprecia a bebida quando o expediente permite e tem uma calça comprida no escritório para não ser pego de surpresa.

Criada em 1999, em Nova York, a Huge é especializada em estratégias de marketing, design e experiência dos usuários. Desde que abriu o escritório no Rio, há cinco anos, com apenas dois integrantes, Torres queria que uma abordagem mais liberal do ambiente de trabalho estivesse no DNA do negócio. Hoje com 110 pessoas na equipe, ele se mantém fiel ás origens. Nos dois andares ocupados pela empresa, é comum funcionários circularem de bermuda e, em meio às mesas de trabalho há jogos de fliperama, minigolfe e videogame. Na copa a geladeira guardam itens que vão do iogurte à cerveja para serem consumidos durante o trabalho.

Também não há divisão física entre as mesas, num desdobramento da própria filosofia de comunicação instalada por lá, que foge de hierarquizações. E quando uma novidade precisa ser anunciada, Torres passa a mão no megafone que repousa ao lado da sua mesa e manda ver em alto e bom som.
- Não consigo pensar diferente, porque sempre vivi nesse tipo de ambiente. Se pisar num escritório tradicional, fico claustrofóbico - conta Torres, que já coordenou o Yahoo! da Austrália - É preciso dar aos funcionários um senso de responsabilidade e liberdade, sempre associando essas duas palavras, num contexto em que as pessoas se sintam livres, mas presas à responsabilidade de entregar trabalhos. Quando é assim, a equipe produz mais resultados.

Popularizada por startups e companhias de tecnologia do  Vale do Silício, nos Estados Unidos, essa visão de ambiente de trabalho ganhou espaço mundo afora e algumas empresas apostam nisso para marcar sua imagem. A grife carioca Farm, por exemplo, enxergou nesses recursos o caminho para reafirmar a identidade da marca.

Com cerca de 500 funcionários, a fábrica situada em São Cristóvão reúne designers, estilistas, costureiras, além de profissionais de marketing e do departamento comercial. O espaço tem áreas para reunião ao ar livre, sonorização interna com as mesmas músicas tocadas nas lojas, possibilidade de uso de bermuda e chinelo, salão de beleza e uma escola com cursos que vão de ioga e meditação a comunicação. A área de sete mil metros quadrados da sede, inclusive, não é o limite.
- Também temos escritório móvel, que funciona num trailer equipado com internet, banheiro e ar-condicionado. qualquer departamento pode usá-lo para realizar reuniões em diferentes lugares. Já fizemos na Urca e na Lagoa, por exemplo - conta o responsável pelo marketing da empresa. André Carvalhal. 

Segundo ele, as coisas funcionam assim porque a preocupação com o clima interno tem a ver com as próprias características impressas nos produtos vendidos pela grife.
- A gente tem noção de que as coisas nascem de dentro para fora. Para que o nosso clima de descontração e despojamento carioca seja percebido na loja temos que ter isso na fábrica também. Não é que a gente se esforce para ter esses possibilidades. Acontece de forma natural para que nossos produtos possam carregar essa verdade.

VOCAÇÃO PARA A LIBERDADE

Para Paulo Moraes, diretor-executivo Talenses no Rio, a execução do iniciativas como essas depende da vocação do negócio.
- Dificilmente uma fábrica de caminhões poderá permitir que os funcionários trabalhem de chinelo ou oferecer cerveja a eles - ilustra - Mas sempre há espaço para tornar o trabalho mais leve. Essa mesma fábrica pode ter uma academia ou áreas de descompressão para relaxamento.
- Só não vale fazer isso de qualquer jeito, enfatiza:
- Muitos querem implantar políticas inovadoras, mas se esquecem de coisas básicas. É preciso ser coerente. Não adianta oferecer aula de ioga e ter um vale-alimentação que não cubra nem o almoço do funcionário.

Professor da ESPM e sócio da Agência A Vera! Rafael Leporace compartilha a opinião. Ele conta que, há três anos, achava esse perfil de ambiente de trabalho estaria disseminado entre as empresas. Mas isso não aconteceu.
- Eles perceberam que outras coisas vêm antes. Até partir para essas experiências, é preciso garantir benefícios primários como remuneração compatível com o mercado e flexibilidade de horários - diz - Há empresas que têm muitos problemas em seu ambiente de trabalho e implantem esses modismos para tentar disfarçar essa realidade. Mas isso é um equívoco.

LIBERDADE TRANSFORMADA EM RESULTADOS PELO FUNCIONÁRIO

Empresas mostram como benefícios podem deixar os profissionais mais motivados e envolvidos com o negócio

Se empresas mais conservadoras temem que a flexibilidade no ambiente de trabalho comprometa os resultados, quem tem experiência no assunto garante que o desfecho é outro. É o caso da Coca-Cola Brasil que tem cerda de 400 funcionários em sua sede no Rio e uma extensa lista de benefícios. Há horários flexíveis e possibilidades de home office, agendamento de manicure durante o expediente, academia e até uma tenda na praia de Botafogo em frente do prédio da empresa, em que os funcionários fazem corridas e treinamentos com acompanhamento profissional.

- Os funcionários se tornam muito mais produtivos e ganham disposição - observa a  gerente de recursos humanos da empresa Alessandra Nogueira - Eles percebem que o ambiente de trabalho permite um equilíbrio entre a vida pessoal e trabalho. Aqui trabalhamos muito com o foco em resultados, então todos sabem, aonde têm que chegar e, com isso conseguem utilizar os benefícios da companhia e, ao mesmo tempo, ganhar mais energia para conquistar seus resultados.

Mais nova no mercado, a Rádio Ibiza, especializada em fazer programação musical para lojas, restaurantes, desfiles etc, parte do mesmo princípio. O escritório sediado em uma casa em Copacabana tem 35 funcionários e foi concebido como um ambiente acolhedor.
- A casa foi toda preparada para trabalharmos também nas áreas externas, com mesas para pequenas reuniões. também temos chuveirão, churrasqueira e uma mesa onde grandes grupos podem comer. Assim, as pessoas são levadas a interagir com outras de setores diferentes, diminuindo a distância entre elas - descreve a analista de recursos humanos da empresa Larissa Barros.

Segundo ela, os resultados vieram logo. A equipe tem se empenhado em churrascos que começam no meio do expediente e vão até o fim do dia. E isso não significa que o trabalho é deixado de lado. Boas iniciativas e soluções nascem justamente nesses encontros.
- Sempre surgem ideias bacanas ou de melhorias para os projetos que já temos. Aparece aquela luz para um problema mais difícil - afirma.
Além de diminuir a pressão, esses  momentos nos unem cada vez mais. No dia seguinte, estamos sempre mais fortes para os projetos. 


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