Por Fabiana Ribeiro
Na nova ordem mundial, emergentes como Brasil, Índia, China e Rússia (que juntos formam o Bric) são potências econômicas a despeito de seus enormes passivos sociais. Uma realidade distante do que se via num passado recente, quando poderio econômico vinha junto de bem-estar social. Semana passada, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu a uma taxa recorde de 7,5% em 2010. Com isso o país foi alçado ao posto de sétima maior economia do planeta. China e Índia também tiveram elevadas taxas de expansão no ano passado, de 10,3% e 8,6% respectivamente. Estima-se que o Bric, em 2050, estarão entre as cinco maiores economias do mundo.
Mas, enquanto os líderes econômicos costumavam frequentar as primeiras posições também no ranking do índice no Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, os emergentes ainda tem uma longa dívida com os mais pobres - além de sua enorme desigualdade de renda. Se o Brasil hoje é a sétima maior economia do planeta, está na 70a posição do ranking em IDH. A China, a segunda maior economia do planeta está em 890 lugar em desenvolvimento humano. A Índia tem o décimo maior Produto Interno Bruto (PIB conjunto de bens e serviços produzidos pelo país em um ano), mas o 1190 IDH.
Novo padrão global: dinamismo nem sempre traz bem-estar social
Um cenário que leva o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central (BC), a afirmar que a nova dinâmica econômica do planeta não coloca como pré-requisito ter um alto desenvolvimento humano.
- No Brasil, estamos dando um vôo de águia, e não mais de galinha. Porém esse crescimento, vem de um novo padrão mundial, no qual o dinamismo econômico não traz, na mesma magnitude, o bem-estar social. Mas quando um país como o Brasil tem como perspectivas com, por exemplo, o pré-sal, certamente estamos falando de avanços econômicos, mas também sociais.
Índia e China que tiveram excepcional desempenho econômico nos últimos anos, aumentaram a desigualdade. O Brasil, nesse quesito, foi no caminho oposto - apesar de ainda ter uma gigantesca dívida social.
- Apesar das mazelas sociais, o crescimento brasileiro traz redução da pobreza. É o crescimento a favor dos pobres. Mas emergentes, como o Brasil chegarão ao topo com uma alta dívida social. Por isso, torna-se mais que importante manter taxas de crescimento econômico sustentáveis a longo prazo do ponto de vista social, certamente, e ainda do ponto de vista ambiental. Tudo isso para não comprometer as gerações futuras - afirma Bruno Saraiva economista de País do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil.
Para se ter idéia do tamanho do gargalo social no Brasil, a média de anos de estudo no País é igual à do Zimbábue, o pior IDH do mundo. A média de escolaridade para pessoas com mais de 25 anos no Brasil é de 7,2 anos. Pelo critério do Pnud, o ideal seria o que foi registrado nos Estados Unidos em 2000, 13,2 anos.
A Rússia, por sua vez, desmantelou seu estado de bem-star social após a queda do comunismo. No país que detêm uma das maiores reservas de petróleo e gás do mundo, a expectativa de vida beira a 65 anos. No ranking do IDH, a Rússia aparece na 650 posição. E o país tem o 110 maior PIB do planeta.
Alfredo Coutinho, diretor da Moodys.com para a América Latina, frisa que, se o Brasil crescer numa velocidade de 5% ao ano, já seria capaz de ultrapassar a Inglaterra nos próximos cinco anos.
- Na próxima década, há a possibilidade de ultrapassar a França e ser a quinta economia do mundo.
Fonte: Jornal O globo
Comentários
Postar um comentário