Estou aqui sentada, no meio do meu feriado, assistindo o Luciano Huck dar uma entrevista para Fernanda Young na GNT. Ela diz que ele é considerado "mala" por algumas pessoas e ele responde, muito complacentemente "pois é, não dá pra agradar todo mundo, toda unanimidade é burra".
Ao mesmo tempo abro os meus e-mails e vejo um de crítica a um dos meus textos. Não vou falar sobre o que porque entraria em outras vertentes que não interessam, mas senti meu corpo gelar quando vi que se tratava de uma crítica. E sim, preciso aprender mais sobre isso.
Uma vez eu ouvi a frase "Você está mesmo preparado para o sucesso?". A primeira reação quando ouvimos isso é dizer um sonoro "Claro que sim", não é mesmo? Quem não quer o sucesso, ser reconhecido como uma pessoa do bem, que fala coisas legais, que é seguido pelas pessoas? Quem não quer os louros que isso nos trás como o dinheiro, a fama e principalmente as oportunidades que podem vir junto com o sucesso? É. Mas não é bem assim. E existe sim um "não" poderoso que pode ecoar lá dentro da gente e nos fazer sentir um frio no corpo quando escuta uma crítica.
As pessoas de sucesso são atacadas. Veementemente atacadas. E não estou falando de mim não, que não estou neste ponto. Mas pensei em pessoas como o Luciano Huck. Eu, particularmente, gosto dele. É um cara de boas idéias e boas intenções, por mais que eu acredite que muitas vezes seu programa é meio pedante demais, mas mesmo assim eu gosto. Gosto de pessoas que se preocupam em transformar e ajudar na transformação dos outros, mas, com certeza, e você até pode ser uma destas pessoas, algumas não gostam. Ou muitas não gostam e tem críticas ferrenhas a fazer a ele.
E tem razão. E tem direito! Não existe essa de querer agradar todo mundo com o que você faz, ou escreve, ou apresenta. Na hora em que você se coloca numa posição mais importante do que maioria, de mais poder e prestígio, você tem que pagar o preço. Porque é um direito das pessoas não gostar das outras, assim como tem gente na TV e na mídia que eu não suporto. É um direito que fere, em algum grau, o direito dos outros? Não sei, depende de como você lida com isso.
Alguns textos meus já geraram muita discussão e controvérsia. Já recebi críticas cruéis, já li coisa até sobre a minha pessoa por coisas que eu escrevi (o que me parece injusto, porque eu inteira não sou só o que eu escrevo). Mas claro que escritores colocam muito de si no papel. E claro que eu não vivi todas as experiências do Universo. Eu vivi algumas coisas e escrevo sobre as coisas que eu vivi ou que vi outras pessoas vivendo. Sei de algumas dores de perceber, de sentir e foi pra isso que o Universo me muniu de uma sensibilidade extrema (que em alguns graus até me atrapalha), para que eu possa sentir experiências e não necessariamente precise participar delas. E eu escrevo do ponto de vista geral, do todo. Não falo sobre problemas específicos a não ser que eu tenha realmente passado por eles.
Já vi muita coisa. Dentro do meu consultório, na minha vida. Já passei por coisas que eu não conto e que, na realidade, são só histórias. E destas historias eu tirei os aprendizados que eu tenho hoje. E sim, ainda tem muitas, muita coisa lá fora que eu preciso aprender. Mas não posso deixar de escrever porque alguém se sentiu ofendido, ou porque eu falei de algo que a pessoa entende diferente. As pessoas têm o direito de entender e sentir diferente. Vivemos um mundo com muitos graus de entendimento (e não leia isso como superior ou inferior, mas sim como experiências paralelas) e é claro que nem tudo o que eu disser, escrever, passar as pessoas vão se identificar. Mas a minha grande lição com este e-mail em específico, por exemplo, é o que eu estou deixando entrar em mim vindo do outro.
Pessoas são pessoas. Só isso. E aqui e agora eu abdico da minha necessidade infantil de agradar a gregos e troianos. Ser a gente mesmo, assumir isso é se bancar. Bancar quem você é no Universo. Isso é simplesmente maravilhoso e atrai todas as energias boas para você. E o preço é ler críticas ao seu trabalho e não se deixar derrubar por isso.
Não sinto mais gelo. Sinto um calor. De uma pessoa que pode sim ter criticado, mas porque isso a tocou de alguma maneira e possivelmente a fez pensar. Repensar. Ficar com raiva, não sei, mas qualquer coisa que sim, ela precisava sentir e entender. Tudo está sempre certo.
Por Andrea Pavlovitsch