Muitas pessoas querem escapar da violência e da dor do mundo buscando afetos e prazeres. Embora muitos afirmem buscar essas alegrias, são poucos os que dizem havê-las encontrado. Geralmente buscamos o contato com nossos semelhantes na esperança de encontrar os gozos e as alegrias dos encontros, embora muitas vezes nos deparemos com os desencontros ou com os maus encontros. Todos querem evitar o sofrimento. Isso, às vezes, parece ser mais importante do que a própria busca do prazer e do bem-estar. E de fato é, quando se está sofrendo. Mas evitar o sofrimento não deve constituir um projeto de vida. Pode ser um objetivo intermediário, mas não o principal.
A vida pode ser um exercício de fugir do sofrimento e de evitar o fracasso. Mas será só isso? Podemos esperar algo mais de nossas vidas? Acreditamos que sim, mas há pessoas que vivem mergulhadas em um sofrimento profundo e silencioso. Resignadas. Como se estivessem na vida exclusivamente com o propósito de se entorpecer. Evitam entrar em contato com os próprios sentimentos, evitam correr riscos, enfrentar situações em que são criticadas e confrontar-se com outras pessoas. Recusam-se a expressar seu ponto de vista e a sua vontade própria. Vivem em constante sofrimento apesar de, eventualmente, exibirem uma boa aparência. Guardam silenciosamente suas dores como quem guarda o mais precioso dos tesouros. Fazem isso acreditando que estão em busca de melhores condições de vida, embora estejam apenas tentando evitar ou camuflar o sofrimento.
Jadir Lessa Livro: A Clínica como Exercício Ético dos Encontros Afetivos
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