Acabara de terminar sua obra prima. Todos acorreram para ver o lugar em que, no dizer dos filósofos, se presenteia o homem com o que lhe é sempre dado. Embora acolhidos pela força da criação, todos se atropelavam em muitas perguntas. Querem saber onde o Mestre tinha nascido, de quem era filho, como vivera e a que escola de pintura pertencia. Tinham curiosidade em conhecer a técnica que empregava, o que fazia, além de pintar e sobretudo a posição que tomava face à crise política, econômica e social, com tanta inflação, repressão e corrupção que assolavam a China.
O Mestre escutou com a máxima concentração todas as perguntas. Levantou-se bem devagar e se dirigiu para a sua obra. Seus passos foram abrindo caminho por dentro do quadro, e o Mestre desapareceu na terra do sem-fim da pintura. O espanto de todos se voltou para o quadro de cada um.
Emmanuel Carneiro Leão
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