"O 'crowdfunding' é uma ferramenta revolucionária de autogestão e pode servir também para melhorar escolas, praças, hospitais, para viabilizar hortas urbanas"
Por Antonio Bokel - Artista plástico e está na exposição em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal até 25 de maio.
Fonte: Revista O Globo
Vimos, através as manifestações e protestos no mundo inteiro, que há desejos de transformações. A insatisfação é geral, mas não sabemos como mudar. Em 2011, tive a iniciativa de produzir uma exposição coletiva independente num espaço no Centro. Era uma antiga ourivesaria reformada pela artista Patrícia Bowles, nas imediações da Rua do Riachuelo, para abrigar projetos de arte. A exposição acabou virando uma ocupação, batizada de Espaço Atemporal, com o objetivo de reunir artistas de diversas áreas, a fim de pensar novas formas de expor seus trabalhos, sem compromisso mercadológico ou vínculos institucionais. O desejo de algum tipo de extensão social veio junto. Como dizia o artista alemão Joseph Beuys, " a revolução somos nós"
A ocupação foi tão bem recebida pelos moradores locais, que não tinham acesso à arte, que resolvi repetir nos anos seguintes, incluindo aulas de arte para as crianças da comunidade. No início de 2014, através do crowdfunding, consegui arrecadas fundos para fazer, além da exposição, um livro sobre todo esse movimento, na intenção de legitimar algo que começou independente e segue dessa forma.
Essa experiência me abriu a cabeça para muito além de projetos culturais. O crowdfunding é uma ferramenta revolucionária de autogestão e pode servir também para melhorar escolas, praças, hospitais, para viabilizar hortas urbanas... Basta existir um site de financiamento coletivo, que aponte projetos ou instituições e divulgue a quantia necessária, devidamente orçada (e detalhada) por profissionais voluntários qualificados. Os colaboradores elegem um projeto e doam valores dentro das possibilidades de cada um, a ser debitado do imposto de renda. As coisas ficariam mais claras, reduzindo a margem de corrupção. Saberíamos onde está o nosso dinheiro e haveria, ainda, prazer nas doações. Alguém já pensou nisso.
Vejo como uma boa ideia, mas não exclui nossa possibilidade de como cidadãos sermos mais fiscalizadores dos recursos públicos (dados por nós) para a manutenção dos serviços públicos que deveriam funcionar corretamente. Há canais legais de comunicação já existentes como sites do governo, telefones e ouvidorias que deveríamos nos inteirar (Regina Bomfim).
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