Amanda Wanderley
Fonte: Boa Chance
Quando se fala em empreendedores, as gerações X e Y logo são lembradas. Não é para menos. Segundo o Sebrae, 41,8% das empresas com menos de três anos e meio foram abertas por pessoas entre 25 e 44 anos, faixa etária característica desses dois grupos. No entanto, o crescimento do número de empreendimentos no país (421% entre 2007 e 2013) é acompanhado pela maior inserção de uma geração mais madura que, diferentemente do que muitos imaginam, não está disposta a se aposentar: são os baby boomers, que nasceram entre 1943 e 1964, na explosão populacional do pós-guerra.
Para Marco Tulio Zanini, especialista da FGV em gestão de carreiras, a expectativa dos brasileiros, hoje em 74,6 anos, favorece o novo cenário
-Quem se aposenta com 60 anos ainda tem muito a contribuir. Cumpriu o projeto que traçou quando jovem e quer partir para uma nova jornada.
Segundo o Sebrae, os empresários com idade entre 55 e 64 anos são responsáveis por 8,8% das novas empresas. Em geral, investem em áreas ligadas às atividades que exerciam antes, sendo que 36% investem em negócios de alojamento, varejo, imóveis e alimentação.
É o caso de Paulo e Sandra Blanco, de 57 e 53 anos, que abriram a cafeteria Mr. Cookie e Mrs. Muffin, há três anos, em Vila Isabel, depois de enfrentarem uma crise financeira. Paulo trabalhou 25 anos com seguros e precisou vender muffins de chocolate num ponto de ônibus do bairro para driblar o desemprego. O sucesso dos doces produzidos por Sandra levou à criação da loja.
- O que nos move é um desejo de autonomia - revela Paulo. - O diferencial da nossa geração é o exercício de se colocar no lugar do outro. Isso ajuda na relação com o cliente, seja ele da idade que for.
Saber administrar bem as diferenças entre gerações é uma virtude que favorece o êxito das empresas. Uma geração, diz Zanini, não pode apagar as qualidades da outra.
No início da loja Costura Exata, na Tijuca, a costureira Rita Brito, de 55 anos, a a filha Isabela tiveram que se adaptar.
- Minha mãe não escutava bem minha soluções. Achava que experiência valia mais, mas nos acertamos. Ela não tem meu conhecimento acadêmico, mas tem jogo de cintura que não se aprende em sala de aula - elogia Isabela.
EMPRESAS DE BABY BOOMERS DURAM MAIS
O que diferencia uma geração da outra é o contexto em que elas se desenvolveram. Segundo Rafael Liporace, professor de marketing da ESPM Rio, experiência adquirida é uma questão de idade; e não de geração.
Pra Marco Tulio Zanini, especialista da FGV em gestão de carreiras, o padrão dos baby boomers era ser fiel a um bom emprego e esperar recompensas à base de muito sacrifício.
- Nossos pais enfrentaram uma vida mais difícil, com o pós-guerra. Nós tínhamos que ajudar em casa. Por isso, nós somos pacientes e perseverantes - avalia Vera Damasco, que se aposentou em 2009, na capital paulista, depois de 25 anos atuando como juíza.
A empresária hoje com 57 anos, não vê barreiras para empreender a essa idade. Nem mesmo a tecnologia e a falta de disposição são desculpas.
- Tenho um pique maior do que muito moleque e estou sempre ligada às novidades.
DE OLHO NA OPORTUNIDADE
A Global Entrepreneurship Monitor divulgou que 74% dos empresários acima de 55 anos empreendem por oportunidade e não por necessidade.
- Esse comportamento gera empresas mais organizadas e competitivas e, portanto, com mais chance de sobrevivência - pondera o presidente do Sebrae Luiz Barreto.
Outro dado reforça a organização desse grupo:estudo da Endeavor diz que 34% dos empreendedores formais no Brasil tem mais de 46 anos.
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