Dificuldades relacionadas à esfera sexual nem sempre giram em torno de desinteresse, desprazer ou falta de desempenho
Por Carmita Abdo
Na virada de 2014-2015 num período de festas universais, mas difícil para nossa economia, vale refletir sobre exageros, excessos e descontrole. Ser compulsivo por compras, jogo, trabalho, sexo são outras que também oneram.
DURANTE A MAIOR PARTE do ano que se finda, refletimos sobre os mais diversos aspectos da comportamento sexual, enfocando especialmente o que falta e menos o que excede. Contudo, dificuldades relacionadas à esfera sexual nem sempre giram em torno de desinteresse, desprazer ou falta de desempenho. Para um importante segmento da população (dezenas de milhões em todo mundo), a prática sexual desperta interesse exacerbado prejudicando todas as outras atividades do dia a dia, inclusive o trabalho. São pessoas que pensam e fazem sexo inúmeras vezes em curto espaço de tempo, impulsionado pela necessidade de abrandar uma inexplicável sensação de desconforto e inquietação irredutível senão pelo sexo.
Sem controle sobre seus desejos, caso tentem evitar o ato sexual, entram em um estado de crescente ansiedade, cuja única alternativa é a repetição. Cientes do exagero na maioria das vezes, bem como os prejuízos que podem acarretar a si próprios, não têm domínio sobre isso.
Na primeira fase dessa busca desenfreada por sexo, predominam os pensamentos eróticos, quando o campo de consciência se estreita, dominado por ideias sexualmente estimulantes. A segunda fase caracteriza-se pela ritualização, na qual se desenvolve um roteiro de ideias e atitudes para aumentar a excitação. A gratificação sexual compete à continuidade do processo. Atingido o clímax de prazer, segue-se desespero, impotência e remorso. Mas logo o ciclo de reinicia porque a ansiedade vence a culpa.
Como consequência de toda essa necessidade sexual, um(a) só parceiro(a) torna-se insuficiente, o que leva o compulsivo a procurar outros(as) e mais outros(as), chegando ao descaso com o trabalho e os compromissos sociais, por absoluta falta de tempo e energia, por desgaste emocional e físico. Problemas financeiros, depressão, doenças sexualmente transmissíveis são outros prejuízos. conforme o quadro evolui, maior número de atos sexuais são exigidos para o mesmo nível de satisfação.
Banhos demorados, verificar repetidamente se as portas estão trancadas, organização exagerada, ideias que "não saem da cabeça", depender de drogas, comer/beber em exagero, ficar horas a fio preso a sites eróticos ou fazendo exercícios físicos, entre outros vícios, podem ou não acompanhar o quadro. Tais manifestações começam discretas no final de infância ou no início da adolescência e vão se intensificando até se tornarem insuportáveis e indisfarçáveis
Vale esclarecer que compulsão sexual tem tratamento por meio de medicamentos associados à psicoterapia. Os resultados são tanto melhores quanto mais cedo se inicia a terapêutica e quanto mais decidida em se tratar estiver a pessoa.
Esse texto talvez tenha, até aqui esclarecido dúvidas gerais ou pontuais.Talvez pouco tenha acrescentado ao seu conhecimento. Contudo, foi necessário ser especialista e sucintamente didática, para - em pouco mais de três mil caracteres - abranger o formal sobre o assunto. Descrição técnica e fria, como todas as que, para serem serem científicas se baseiem em indispensáveis evidências. Nada contra.
"Quente", no entanto, teria sido provocar o preconceito que nos impede de enxergar além do óbvio. Além do óbvio, está a universal fragilidade humana, ainda que mais exuberantemente evidente em uns que em outros de nós.
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