Para gestores de plataformas, o chamado crowdfounding tem potencial para movimentar até US$ bi em 10 anos
Fonte: Boa Chance
Depois de passar cinco anos procurando - sem sucesso - investidores que financiassem sua ideia, o arquiteto Márcio Cerqueira resolveu apostar em uma estratégia até então pouco conhecida no Brasil: o financiamento coletivo. A decisão foi fundamental para tirar do papel o Mola, espécie de "lego" que ajuda estudantes de arquitetura a entender melhor a estrutura dos edifícios.
Com mais de 1.500 apoiadores e 600 mil arrecadados, o projeto é o mais bem sucedido do Catarse, uma das principais ferramentas de crowdfounding, forma de financiamento que tem crescido nos últimos anos no país.
O desempenho do Mola superou muito as expectativas do arquiteto - hoje empresário. a meta era levantar 50 mil para a produção de 100 kits. Ele acabou conseguindo dez vezes mais, o que não teria obtido com grandes investidores.
- A visão do investidor é muito voltada para grandes retornos - diz Márcio, que passou dois anos estudando o modelo de financiamento antes de lançar a campanha.
RECORDE DE ARRECADAÇÃO. A arrecadação recorde ajudou a turbinar o Catarse, criado há quatro anos, que viu seus números multiplicarem nesse período. em 2011, quando foi lançada, a plataforma conseguiu arrecadrs R$ 1,5 milhão, já ano passado, fechou com R$ 11,9 milhões. O número de apoiadores - quem contribui para as campanhas - saltou de 14.494 para 89.560.
Felipe Caruso, porta voz do Catarse, destaca que o modelo de financiamento coletivo pode ser uma uma opção às estratégias tradicionais, como empréstimos em bancos. Além de ser uma forma de evitar as taxas de crédito que devem subir ainda mais diante da tendência da alta de juros este ano.
- O financiamento coletivo floresce justamente nessas lacunas enormes que os métodos tradicionais de financiamento têm - destaca Caruso.
Para Tahiana D`Emont, diretora-executiva da Kickante outra grande plataforma de crowdfounding do país, o modelo tem alto potencial de crescimento para os próximos dez anos. Segundo ela, o mercado de financiamento coletivo que arrecadou mais de US$ bilhões no mundo todo em 2013, tem o potencial para chegar a US$ 90 bilhões em 2015. E o Brasil pode responder por uma fatia de 10% desse montante.
- Ano passado, a plataforma - em operação há cerca de um ano - abrigou a campanha mais bem-sucedida do crowdfounding brasileiro, um ciclo de palestras da empreendedora Bel Pesce, autora do livro "A Menina do Vale, que arrecadou mais de R$ 880 mil, superando o Mola, do Catarse, antigo campeão do setor. Tahiana acha que o formato de financiamento pode ser usado por empresas de todos os setores.
- O mercado está crescendo muito. Tem uma questão de maturação, assim como aconteceu com o investimento - anjo, do qual quase ninguém falava há alguns anos. No Brasil, faz muito sentido, por causa dos juros altos do sistema bancário e pela força que o país tem em mídias sociais - destaca a executiva, que substituiu recentemente a fundadora Candice Pascoal, atual presidente da companhia
CHANCE DE TESTAR A IDEIA. A arrecadação da Kickante em 2014 foi de 4 milhões. A expectativa é que esse número cresça até cinco vezes em 2015 com um mercado mais amplo, incluindo produtos e serviços, além das ONGS e causas sociais que se destacaram entre as campanhas do serviço.
Um dos negócios que saiu do papel graças ao serviço da Kickante foi a Veggiebox, empresa que produz kits de produtos cosméticos voltados para veganos - sem usar testes em animais, por exemplo. O projeto arrecadou R$ 18 mil, desempenho mais modesto que o recordista do setor, mas suficiente para financiar a primeira leva de kits. A meta era chegar a R$ 15 mil.
Andrew Pedro, um dos três fundadores da Veggiebox, conta que não havia como financiar o projeto, se não fosse a plataforma. Segundo ele, a ideia não chamou atenção de investidores do setor, mas fez sucesso junto ao público alvo. Para ele o modelo é uma forma não só de levantar a ideia, mas ainda de testar se ela faz sentido.
Mas Pedro destaca que o modelo exige muita dedicação, por causa da demanda do público. Para dar certo, é preciso investir em divulgação na própria rede de contatos:
- O risco é do próprio empreendedor do projeto. Tem que ter muita determinação. Não é fácil. tem que estar focado quase 24 horas por dia. São muitas perguntas que você tem que responder.
A ideia, agora, é usar a campanha na Kickante como vitrine, para buscar investidores maiores e continuar o processo de produção, diz Pedro:
- A gente procurou estudar para que esse não fosse um projeto de verão, algo que acabasse após a camapnha.
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