"(...) O povo brasileiro deixou de existir para quem, a priori deveria zelar por ele. Poderiam ser indiciados por mais este crime: abandono de lar.
Bem feito para nós, que nos acostumamos com a ideia paternalista de que o governo (qualquer governo) existe para solucionar nossos problemas, que é só dele a responsabilidade pelo nosso bem-estar. Deu nisso: um povo mimado. Impossível não perceber a infantilização que há na troca de farpas entre simpatizantes de partidos oponentes agindo feito crianças: "Foi ele que começou!"
O que importa isso agora? Estamos todos de castigo.
O jeito é tentar se emancipar. Tomar conta da nossa rua, do nosso bairro, da nossa vida. Ser solidário com os outros, fazer mais voluntariado. Formar grupos de interesse comum, se unir com quem possui os mesmos propósitos, inventar novas maneiras de prosperar. Ser mais independente. Trocar o ressentimento pela proatividade. Usar a internet não para brigar, mas para compartilhar palestras, vídeos criativos, discussões bem embasadas. Aproximar-se da literatura, da música, da filosofia, do esporte, da natureza, da psicologia, da arte, a fim de pensar no país de forma mais positiva e educar-se a si mesmo.
Utopia de novo? Desculpe, é que ser realista não está funcionando".
Martha Medeiros
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