A pesquisa do GPTW reforça por meio de indicadores a importância de se investir na gestão de pessoas, trazendo elementos tangíveis e objetivos para a tomada de decisão dos líderes
Entrevista: Paulo Sardinha, presidente da ABRH-RJ
fonte: Boa Chance
As empresas que aproveitarem o momento de crise para investir na gestão e na qualificação de pessoas estarão na frente quando a economia voltar a crescer. A opinião é do presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), Paulo Sardinha, que ressalta: as dificuldades são encaradas como oportunidades em companhias reconhecidas pelo bom gerenciamento do seu quadro funcional.
Nessa entrevista, ele fala sobre o impacto no ambiente corporativo dos resultados da pesquisa "Melhores empresas para se trabalhar no Rio", elaborada pelo Instituto Great Place to Work (GPTW), e a crescente valorização dos departamento de RH nas empresas. Para Sardinha, cada vez mais gestores comprovam que o cuidado com as pessoas é fator-chave para a melhoria do desempenho profissional e, consequentemente, para o crescimento das organizações.
Nesse contexto, afirma ele, a pesquisa regional dos GPTW, reforça por meio de indicadores a importância de se investir nessa área, trazendo elementos tangíveis e objetivos para a tomada de decisões por parte dos líderes. Na avaliação do dirigente, trata-se de uma ótima oportunidade, tanto para as empresas premiadas, aprimorarem ainda mais suas práticas, quanto para aquelas que estão fora do ranking , que passam a ter um norte para a construção de um excelente ambiente de trabalho.
De que forma a pesquisa do GPTW influencia o trabalho de líderes que estão na linha de frente do RH das empresas?
A lista do GPTW cria indicadores que precisam ser observados e define as fronteiras que devem ser alcançadas ou superadas. Os departamentos de Recursos Humanos trabalham muito com a subjetividade e, nesse ponto, a pesquisa é capaz de gerar elementos tangíveis para que o gestor possa compreender de maneira mais objetiva os pontos fortes e fracos da empresa. O GPTW mostra casos interessantes, como o de empresas que se repetem na lista de premiadas mantendo boas práticas de forma consistente ao longo do tempo; e também de companhias que ingressam pela primeira vez no ranking o que demonstra oxigenação e atenção ao movimento do mercado. O levantamento é capaz de fornecer informações relevantes para as organizações participantes e também para todo um público que passa a se mobilizar.
Algumas empresas dizem que é necessária uma preparação para participar da pesquisa do GPTW. O senhor concorda?
Eu procuro sempre incentivar as empresas, mesmo aquelas que não se sentem preparadas a participarem. Algumas refutam, pois estão em busca do momento ideal. Mas a pesquisa pode ser um fator de contribuição para o amadurecimento da companhia em relação à gestão de pessoas, pois indicadores utilizados no levantamento são universais e independem do porte do negócio. A lista do GPTW tem a função de reconhecer e dar visibilidade às práticas de companhias que já há algum tempo fazem um bom trabalho, e as empresas que não atingiram a excelência estão protegidas pelas regras de confidencialidade, ou seja, não serão expostas ao grande público.
No passado, a área de Recursos Humanos era vista como burocrática e como uma extensão do administrativo. Hoje líderes e funcionários já percebem a importância desse departamento?
As empresas surgem, em geral, de uma boa ideia que é transformada em um serviço ou um produto. Os objetivos delas ao nascerem é cuidar do lucro, da inovação e da eficiência na comercialização. tudo isso vem à frente um olhar mais acurado para as pessoas. Esse olhar só começa a ser ampliado quando o negócio cresce e torna-se um sucesso. Mas hoje posso afirmar que há exemplos até mesmo de pequenas startups, que iniciam suas atividades com a presença de um profissional de Recursos Humanos, para que exista desde o início uma cultura organizacional definida, com valores bem aplicados. Não tenho dúvida de que essa estratégia garante chances de lucro e de crescimento nos negócios.
Em momentos de crise, as ações e projetos de RH mantém sua relevância?
Sem dúvida. Empresas reconhecidas pelo bom desempenho em gestão de pessoas certamente transformarão dificuldades em oportunidades. Quando o mercado estava aquecido, ouvia relatos de que não havia tempo para treinamento e qualificação em função do alto volume de produção. A folga que existe hoje mesmo que forçada deve ser aproveitada para se investir no funcionário, para que estejam mais capacitados. As crises são cíclicas e isso é claro na visão dos especialistas. Quando o caminho de crescimento for retomado, algumas empresas estarão mais preparadas que outras para surfar na boa onda que virá. Assistimos muito a isso no mundo dos negócios nesses períodos de incertezas: as companhias se retraem de tal maneira que quando o céu se abre, elas não sabem o que fazer. Há empresas que enfrentam crise mesmo em ciclos virtuosos da economia porque não se preparam adequadamente. Portanto a hora de agir é agora. Investimento em pessoas é algo que não se perde, se ganha.
Então esse é o momento de reter talentos nas empresas?
Na minha opinião, talento não se retém. São as empresas que devem trabalhar para ser atrativas, para que pessoas acima da curva sejam levadas a optar por trabalhar em organizações que sejam reconhecidas como as melhores. Talentos em geral, são inquietos por natureza, as companhias é que precisam se preparar para lidar com eles. Para preservá-los, é preciso tomar cuidado com a burocracia excessiva. Incentivar a inovação e o gestor, pois não adianta você ter talentos na equipe se o líder não é talentoso. E aí o RH ganha relevância ao perceber essas questões e trabalhar para que a qualificação e o cuidado com as pessoas sejam pontos intrínsecos na cultura e no cotidiano das empresas.
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