Brasileiros não tiram os 30 dias de férias
Fonte: Boa Chance
Segundo pesquisa, média de descanso é de 24 semanas
Tirar um período de descanso todos os anos, religiosamente não faz parte da vida de muitos brasileiros. Uma pesquisa divulgada pela Catho constatou que mais de um terço dos trabalhadores afirmam não ter tirado férias nos últimos 12 meses.
O estudo mostra que 7,6% dos profissionais desfrutaram apenas apenas de uma semana de descanso por ano. Já 15,2% e 14,3% tiveram respectivamente, três e duas semanas de férias, enquanto 26% tiraram os 30 dias a que tem direito.
Os brasileiros têm em média 2,4 semanas de férias por ano, e o tempo de folga está relacionado ao porte das empresas. Funcionários de grandes companhias têm mais dias livres que a média nacional: 3,1 semanas desfrutadas em 12 meses. Nas empresas médias são 2,5 semanas. Colaboradores de pequenas e micro empresas têm 1,9 e 1,4 semanas respectivamente.
Os motivos que levam as pessoas a não tirarem férias podem ser muitos: mudança de emprego, promoções, pedido do chefe, vontade do próprio funcionário com receio de se ausentar etc. Para Larissa Meiglin, supervisora da Catho, não há nada de errado em acordos entre as duas partes (empresa e colaborador). Às vezes, não tirar os dias de descanso a que se tem direito é indicado para quem acabou de assumir uma nova posição ou mudou de departamento. ausentar-se nesses momentos pode não ser uma boa ideia.
- Quando é promovido, o funcionário normalmente está motivado por conta dos novos desafios. Nesse caso, férias acabam sendo algo secundário que pode ser adiado.
DESGASTES
Mas o acúmulo de anos sem se desligar da pressão cotidiana pode pesar contra o profissional. A falta de férias no longo prazo provoca uma série de desgastes, entre eles, falta de empenho, dificuldades na relação interpessoal e queda da produtividade. Aqueles que atuam na área de vendas, por exemplo, e dependem de um bom desempenho para aumentar a remuneração, são os mais prejudicados.
- Ninguém vive só de trabalho e estudo. As pessoas precisam arejar a cabeça para continuar produzindo bem e de acordo com o que a empresa espera - ressalta a diretora da Resch Consultoria, Jaqueline Resch.
o headhunter e diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RH), Carlos Vitor Strougo, é capaz de perceber durante uma entrevista se o executivo está ou não sem tirar férias há algum tempo. Ninguém está imune a certos comportamento gerados pela falta de momentos livres das cobranças rotineiras de trabalho.
FERIADOS
Segundo o especialista, é muito comum as pessoas contarem somente com os feriados prolongados no decorrer do ano. No entanto, nada pode substituir pelo menos 15 dias seguidos de descanso, tempo mínimo para que se possa 'recarregar as baterias'.
- Uma vida de sucesso não significa ter o melhor cargo ou um bom salário, mas saber conciliar bem a vida profissional e a pessoal. tirar férias de forma regular contribui para isso.
A professora dos cursos IN Company da ESPM Rio, Bety Wainstock, diz que férias são imprescindíveis principalmente para executivos de média e alta gestão, que geralmente cumprem cargas pesadas de horário e estão submetidos a muitas pressões no dia a dia. Para que as decisões tomadas na empresa sejam assertivas, um período para arejar a cabeça é fundamental.
- É um momento para repensar planos, meditar, aproveitar o máximo o tempo em família, colocar em dia a leitura, fazer uma viagem ou dormir até mais tarde. O corpo precisa desse descanso!
FÉRIAS ADIADAS
Por emendar um emprego no outro, a analista de comunicação Camila de Paula está há três anos sem férias. Workaholic assumida, ela diz que já sente os efeitos da falta desses dias preciosos: anda incomodada e um pouco desmotivada para realizar as tarefas diárias. ele promete tirar pelo menos 15 dias de folga. A ideia é viajar, mas mesmo que não consiga, vai usar esse tempo livre para ficar sossegada em casa.
- Fiquei muito tempo pensando que não poderia gastar as minhas férias desse jeito. Mas agora já penso que dormir mais e ficar sem fazer nada por um período vão me ajudar a voltar com gás ao trabalho
Já Alessandro Ferreira não abre mão de tirar 30 dias de férias todos os anos, sempre em janeiro. Analista de suporte em uma empresa há nove anos, ele diz que nunca vendeu os dez dias permitidos por lei. O máximo que fez foi dividir as férias em duas partes, apenas uma vez.
- Trabalho bem o ano inteiro, não me importo em fazer horas extras, mas tirar o tempo integral de férias é sagrado.
Para o gerente da Robert Half, Jorge Martins, o caso de Alessandro é uma exceção. Em muitas empresas não há um planejamento adequado para que os funcionários consigam tirar 30 dias seguidos de férias. E com a crise econômica, a tendência é que as pessoas fiquem com mais receio de agendar esses dias de descanso.
- O ideal é tirar pelo menos 20 dias. Pesquisas mostram que se demora de três a cinco dias para desligar do trabalho nas férias. É preciso um tempo maior para que essa folga realmente traga benefícios.
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