Os transtornos mentais já estão entre as principais causas de incapacitação no Brasil e no mundo
Regina Bomfim
Há uma redução na perda de saúde devido a doenças comunicáveis, como HIV Aids, malária, diarréia, pneumonia e sarampo mas também um grave aumento das doenças não comunicáveis especialmente diabetes, degeneração das articulações, uso de drogas e depressão. É o que diz Nicholas Kassebaum, professor de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, EUA, onde foi desenvolvida uma metologia para fazer cálculos e estimativas sobre diversos aspectos da saúde global. Estas tendências têm implicações maciças para os sistemas de saúde. Sem a prevenção e os tratamentos devidos, essas doenças não comunicáveis vão criar cada vez mais problemas nos próximos anos em vários países pela sua posição no ranking do índice de desenvolvimento sociodemográfico.
VIDA TOTAL VERSUS VIDA SAUDÁVEL
E nisso verifica-se um choque entre indicadores. O IHME que mede a expectativa de vida saudável de cada país num contraponto ao indicador comumente usado pelos institutos de estatística nacionais para medir a expectativa de vida total. Para medir a expectativa de vida para as mulheres nascidas em 2015 no Brasil é de 67,38 anos, mas de uma década inferior à expectativa de vida total calculada para elas, 78,21 anos. Para os homens nascidos no mesmo ano, a expectativa de vida saudável fica em 62,35 anos, cerca de oito anos a menos que a expectativa de vida total de 70,72 anos.
Ainda com base nas estimativas feitas pelo IHME em colaboração com mais de 1,8mil cientistas em aproximadamente 130 países, o Brasil teve quase 1,35 milhões de mortes em 2015 cujas causas foram doenças coronarianas, derrames, diabetes numa classificação bem parecida com a estatística global. Com isso é possível perceber que tanto no Brasil como no mundo, o investimento dos governos em termos de política pública em prevenção não tem sido eficiente e por consequência da população mundial, na prevenção e combate a fatores de risco que podem ser administrados e modificados, pois os estudos indicam que 70% das mortes continuam sendo relacionadas a eles. Segundo este levantamento, os brasileiros lideram na hipertensão, no nível de glicose de jejum alta, tabagismo, situação pré-diabética, sobrepeso ou obesidade, colesterol alto, excesso de consumo de sódio (sal) e álcool assim como dieta pobre em grãos integrais, sedentarismo e pouca atividade física.
Também a violência interpessoal tem um grande peso nas estatísticas nacionais. No ano passado, foram mais de 61 mil vítimas no Brasil, o maior número absoluto de mortes por ato violento por aproximação, excluindo países em guerra. Quando é calculado com base no número de habitantes (a cada 100 mil), há uma melhora nos números, mas nem tanto: ficou em 29,46 em 2015, o suficiente para colocar o país na 10ª posição, atrás de nações como Afeganistão (29,76), Colômbia (35,57), África do Sul (38,14), Venezuela (45,83) e o líder el Salvador com 60,29.
Em nível global os estudos apontam para um aumento na expectativa de vida média de homens e mulheres entre 1980 e 2015, período que passou de cerca de de 62 anos para quase 72 anos. Para os pesquisadores, houve desigualdade nesta evolução entre os 195 países avaliados assim como em alguns indicadores que têm grande influência nestes resultados. A mortalidade de crianças com menos de cinco anos caiu mais da metade no mundo todo desde de 1990 resultado de esforços principalmente me países como a África Subsaariana e do sul da Ásia onde é maior o problema. Por outro lado, os EUA vem tendo resultados piores no nível de desenvolvimento socioeconômico e mesmo regredindo em alguns pontos.
Christopher Murray, diretor do IHME
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