Recentemente tenho deixado os temas para o blog "me escolherem", que as ocorrências diárias me apontem o caminho. O exercício (árduo) de estar de olhos mais abertos, tem me ensinado sobre a importância de viver o presente.
É comum a pressa e ser atropelado pelas tarefas diárias. Assim também nascem os hábitos. Não é o caso de dar dicas, nem tampouco fazer listas de hábitos ruins que devem ser eliminados. Procurar ser consciente dos hábitos e das intenções que o alimentam é uma prática que não envolve fórmulas. E isso vai do que cada um acha importante para si.
Ter água na torneira, poder contar com esta certeza no dia a dia é um tipo de hábito. Nisso vai tudo aquilo que fazemos na nossa rotina que precisa de água e estas ações dão corpo a tudo de concreto que precisamos organizar, preparar para dar início às nossas atividades.
Há alguns dias faltou água em casa. Mais ou menos sabia da necessidade de atenção ao fato, pois no noticiário foi falado de uma manutenção preventiva do sistema de abastecimento água na minha cidade, mas não ouvi meu bairro ser mencionado, então relaxei. Só que aconteceu no meu bairro e o prédio estabeleceu um racionamento cujos horários determinados não puderam ser cumpridos, pois a reserva estava mais baixa do que o esperado, o que alterou muito a rotina das tarefas em geral.
Foram 24h complicadas, se é que você leitor (a) que também desfruta da certeza diária de água na torneira pode me entender, imagine em regiões da cidade, estados e países em que muitas pessoas não têm água?
Um hábito se rompe por questionarmos a sua utilidade ou se algo com que contávamos sempre deixa de acontecer. Quando a água chegou, silenciosamente agradeci ao Universo a lição de pelo menos nas quase 24h ter podido prestar atenção ao que automaticamente faço no meu dia a dia.
Fica o apelo do cuidado com a Água, Água presente em 70% de nossa configuração física total, em boa parte do planeta, Água com seus fluxos, ciclos e mutações - como nós somos, fluxo, ciclos e mutações. Água de tantas lições como a paciência, a perseverança, a flexibilidade...
Por mais amor à Mestra Água e à Mestra Natureza, pois somos parte dela e mais dependentes do que pensamos, mesmo do "alto" de toda nossa civilização.
Dentro da mitologia africana, quando todos os Orixás (forças da natureza) masculinos se reuniram para a criação do mundo, não convidaram Oxum, a deusa mãe das águas doces. Oxum riu. Vaidosa, sábia e consciente do seu valor, retirou da Terra toda a água deixando um rastro de ruína e tristeza. Daí os Orixás masculinos viram que sem Água não há vida. e assim, Oxum foi a única mulher que participou da criação do mundo.
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Regina Bomfim
Que texto!!!!! De um ponto do cotidiano à mitologia africana. Tudo ligado.
ResponderExcluirInfelizmente somos -ainda- muito arrogantes do "alto" da nossa civilização...
Beijo
Obrigada por sua visita! A água, a natureza e o feminino são arquétipos importantes e poderosos que precisam se admitidos na mentalidade do Ocidente.
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