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HOMEM X NATUREZA?




 
Vivemos num momento em que o avanço dos conhecimentos humanos até aqui e tudo mais que vem sendo prometido daqui há poucos anos nos dão a impressão de não haver limites. Esse afã de saber, controlar, conquistar tem nos conduzido a condutas e pensamentos que ainda não é possível saber para onde isso nos levará. O que dá para perceber é que não é mais a euforia com o futuro vivida no século passado. Ir para a filosofia e para as artes é um caminho para acessar o homem no que ele tem de mais humano.

Lendo um livro de filosofia não sabia haver estudos sobre Poética. O autor Manuel Antônio de Castro organizador do mesmo é  professor titular de Poética na UFRJ. Livro excelente. Livros, artes, tudo é matéria prima para aprimorar a nossa sensibilidade. Pelo menos para mim é assim.
Compartilho um texto de Emmanuel Carneiro cujo título é Corpo, Terra e Pensamento que me impactou  muito sobre estes caminhos que se desenham na humanidade:

(...) O ser vivo animal, mesmo quando o ambiente de vida no qual o alimento preferido dele está em escassez, morre, mas não come o animal que é o alimento preferido para a sobrevivência dele. Para assegurar o quê? a possibilidade de vida. A grande questão é a seguinte: a realização atual da vida não esgota todo o nosso compromisso com a vitalidade e com a possibilidade de viver. Por isso a desertificação da terra de que hoje se fala, a destruição das condições de possibilidade de vida na terra, é o principal crime contra a humanidade. É o carro-chefe dos crimes contra a humanidade porque não destrói somente o que há, mas a possibilidade de haver o que há. (...) A vida humana é uma estância que é o limite para os meus comportamentos ou depende da conquista dos meios? (...) Cada vez mais, portanto, a presença do ser humano como principal agente de qualquer atividade seja de saúde, seja de restauração de saúde, de convalescênça, de organização política e social, cada vez mais é marginalizado e substituído por tecnologia (...) por meios que sejam de natureza física, elétrica, hidrelétrica, o que for (...). O ideal, o vetor para o qual aponta o progresso e desenvolvimento é o seguinte: vamos chegar a um momento em que o progresso vai dispensar o ser humano. então vamos ficar com o que?

A força deste texto me faz não ter mais nada a dizer para finalizar. Esta interrogação última mostra que se desenha pouco a pouco um impasse a que a Humanidade encantada com suas conquistas ainda não percebe. Talvez perceba, mas esteja optando no momento em minimizar os efeitos de tudo isso que já começa a se fazer presente...

Refina Bomfim


Bibliografia:

LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O corpo, a terra e o pensamento". In: Arte: corpo, mundo e terra, p. 66-67. Organização Manuel Antônio de Castro. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009

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