Escolher a poesia para este ano que termina como post (Fazia tempo que não postava poesia no blog), é o exercício de buscar manter os olhos e corações afiados para o que é o porvir.
Olhos e corações para poder buscar sempre o melhor caminho e se o melhor caminho mostrar-se como um erro, que logo, logo possamos sem mais lamentos tão comuns dos açoites que ainda impomos às nossas almas frente ao erro e decepções, seguir nesse aprendizado de escutar a Vida e de escutar a nós mesmos, sabendo que sempre haverá Música nesta escuta e que seu som nem sempre é alto. Ele pode sussurrar...
Aproveitando os 100 anos de Vinícius de Moraes, nosso inesquecível e um dos mais conhecidos poetas brasileiros. Fica uma homenagem a este homem que mais do que sua vida de muitos amores e boemia, sua inteligência, houve a sensibilidade de alguém que buscou a riqueza da vida se abrindo à experiências fora do seu meio elitizado, se colocando em comunhão com tudo que soava belo à sua alma e que por sua simplicidade, se permitiu a todo tipo de encontro artístico, intelectual, amoroso, espiritual:
Poética
Rio de Janeiro , 1954
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
— Meu tempo é quando.
Nova York, 1950
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
— Meu tempo é quando.
Nova York, 1950
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