CÍRCULO VICIOSO
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
"Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
"Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"
Machado de Assis
Publicado no livro Poesias Completas (1901). Poema integrante da série Ocidentais
Na verdade, nada sabemos sobre o desejo do outro a não ser que ele nos diga e se neste momento for aceito o convite para ser "afetado" pelo mundo do outro, se inicia uma viagem de variadas paisagens.
Dizer sobre sentimentos genuínos é o que dá clareza, beleza, saúde e longevidade às relações. É possível. É trabalhoso porque é questionar, máscaras, convenções e jogos de poder. É horizontalizar as relações. É possível. E quando acontece é lindo!
Regina Bomfim
A vontade de trazer Machado de Assis, nosso escritor maior e meu guru de vida era tanta, nunca pela pretensão de escrever como ele ou parecido, mas por sua história de vida e genialidade...
Acho que minha reflexão nada tem a ver com o poema. Inventei umas coisas aí… Sei lá!rs. Salve Machado de Assis, meu Machadão!
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