Entrevista com Charles Duhigg
Fonte: O Globo Boa Chance
O jornalista americano Charles Duhigg se dedica a estudar o hábito, o que para ele, não é tão falado e conhecido pelas pessoas, mas pode ajudar a provocar reais mudanças, tanto em organizações quanto em profissionais. No livro "O poder do hábito" (Objetiva), Duhigg aborda a questão sob uma perspectiva neurológica e diz que as mudanças de hábitos são possíveis, embora nem sempre fáceis ou rápidas. O autor conversou com o Boa Chance pelo telefone sobre o tema.
Como é possível mudar hábitos organizacionais?
É prestar atenção nesses padrões. Numa companhia, pode haver dois setores competindo entre si, e é preciso olhar-se, por exemplo, esse não é um padrão que se repete demais.
Caberia ao RH tentar identificar esses hábitos?
É papel de todos. É assim que se cria uma cultura em uma empresa. É claro que o RH tem um papel importante, mas o presidente da companhia também. Há padrões sendo obedecidos todos os dias, desde a forma como as reuniões são feitas diariamente a decisões maiores. O problema é que os hábitos crescem e se desenvolvem sem que ninguém pare para discutir sobre eles.
Mas não é fácil mudar hábitos arraigados há tempos. Como fazer isso?
É realmente muito difícil fazer esse tipo de mudança. Requer uma liderança forte. Mas, quando o líder foca em só um hábito, consegue ser mais eficaz. Se ele souber escolher o hábito certo no qual focar, poderá provocar uma série de reações em cadeia positivas.
Um bom líder é aquele que, antes de tudo, identifica os próprios hábitos?
Não necessariamente. Há vários líderes excelentes, que fazem péssimas escolhas em suas vidas pessoais. Esse não é um pré-requisito para entender os hábitos de uma empresa.
Como a consciência de seus hábitos pode ajudar um profissional a ser promovido ou a conquistar um objetivo na carreira?
É importante que ele estabeleça pequenas recompensas. E celebre as menores vitórias. em vez de determinar que quer trocar de emprego ou ser promovido em dois anos, o profissional deve criar tarefas semanais. Por exemplo: almoçar com duas pessoas que ele não conhecia. quando chegar a sexta-feira, ele poderá tomar uma cerveja para comemorar a pequena conquista. sob uma perspectiva neurológica, agir dessa maneira é mais eficaz. Quando a recompensa é pequena e chega de maneira rápida, o hábito é mais reforçado.
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