Nem todo mundo
Por Martha Medeiros
A gente acredita que existe um senso comum regendo nossos gestos e opiniões, porém somos sete bilhões pensando e vivendo de forma muito distinta um dos outros.
Nem todo mundo é regido pelo dinheiro, por exemplo. Dinheiro é bom, é necessário, e quanto mais melhor - mas este "mais" não obceca a todos. Há quem troque o "mais dinheiro" por "mais sossego" e mais "tempo ocioso". qual o sentido de trabalhar insanamente se já se tem o suficiente para viver com dignidade?
Nem todo mundo gostaria de morar numa mansão com uma dezena de quartos e espaço de sobra para se perder: Tenho uma amiga que desistiu do apartamento cinematográfico onde morava, pois ela não conseguia enxergar os filhos nem conversar com eles - eram longos corredores e muitas as portas. Parecia que a família vivia num hotel, e não num lar. Trocou por um apartamento menor e aproximaram-se todos.
Nem todo mundo prefere mulheres com cara de boneca e corpo de modelo, ou homens com rosto de galã e corpo de fisiculturista. Imperfeições, exotismo, autenticidade, um look de verdade, natural sem render-se a uma busca sacrificada pela beleza, ah, o valor que isso ainda tem.
Nem todo mundo gosta de bicho, de doce, de praia, de ler, de criança, de festa, de esportes, e nem por isso merecem ser expulsos do planeta por inadequação crônica. Seus prazeres estão fora do catálogo da normalidade e ainda assim são criaturas especiais a seu modo, enquanto que outras pessoas podem cumprir todas as obviedades consagradas e isso não adiantar nada na hora da convivência: são ruins no trato, fracas de humor e voltadas para o próprio umbigo, apesar de seu exemplar enquadramento social.
Nem todo mundo veio ao mundo para brigar, para reclamar, para agredir, para difamar, para fofocar, para magoar, para se vingar, para atrapalhar - hábitos de muitos, até arrisco dizer, que da maioria, já que é mais fácil chamar atenção através do nosso pior do que do nosso melhor. O pior faz barulho, o pior ganha as manchetes, o pior gera comentários, o pior recebe os holofotes, o pior causa embaraço. Porém há os que vieram em missão de paz e não se afligem pela discreta repercussão de seus atos.
Nem todo mundo quer casar, quer filhos, quer fazer faculdade. Nem todo mundo quer ser campeão, presidente, celebridade. Há quem queira apenas viver de um jeito que não seja julgado por ninguém, há quem queira apenas se expressar de modo menos exuberante e mais íntimo, há quem queira apenas passar a vida nutrindo a própria identidade, não se preocupando em colecionar seguidores, admiradores e afetos de ocasião.
Sem jogar para torcida, há quem queira somente estar bem consigo mesmo.
Nem todo mundo prefere mulheres com cara de boneca e corpo de modelo, ou homens com rosto de galã e corpo de fisiculturista. Imperfeições, exotismo, autenticidade, um look de verdade, natural sem render-se a uma busca sacrificada pela beleza, ah, o valor que isso ainda tem.
Nem todo mundo gosta de bicho, de doce, de praia, de ler, de criança, de festa, de esportes, e nem por isso merecem ser expulsos do planeta por inadequação crônica. Seus prazeres estão fora do catálogo da normalidade e ainda assim são criaturas especiais a seu modo, enquanto que outras pessoas podem cumprir todas as obviedades consagradas e isso não adiantar nada na hora da convivência: são ruins no trato, fracas de humor e voltadas para o próprio umbigo, apesar de seu exemplar enquadramento social.
Nem todo mundo veio ao mundo para brigar, para reclamar, para agredir, para difamar, para fofocar, para magoar, para se vingar, para atrapalhar - hábitos de muitos, até arrisco dizer, que da maioria, já que é mais fácil chamar atenção através do nosso pior do que do nosso melhor. O pior faz barulho, o pior ganha as manchetes, o pior gera comentários, o pior recebe os holofotes, o pior causa embaraço. Porém há os que vieram em missão de paz e não se afligem pela discreta repercussão de seus atos.
Nem todo mundo quer casar, quer filhos, quer fazer faculdade. Nem todo mundo quer ser campeão, presidente, celebridade. Há quem queira apenas viver de um jeito que não seja julgado por ninguém, há quem queira apenas se expressar de modo menos exuberante e mais íntimo, há quem queira apenas passar a vida nutrindo a própria identidade, não se preocupando em colecionar seguidores, admiradores e afetos de ocasião.
Sem jogar para torcida, há quem queira somente estar bem consigo mesmo.
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