Para capacitar líderes, empresas recorrem a atividades lúdicas e apresentação de escolas de samba
Fonte: Boa Chance
Nada de salas fechadas com pessoas encarregadas de explicar conceitos por meio de apresentações de Power Point e funcionários atentos às anotações. as empresas cada vez mais querem fugir do lugar comum quando o assunto é capacitação de líderes e colaboradores. e, nesse contexto, vale tudo: desde soluções com blocos de montar (os famosos Legos), culinária e jogos até a inusitada presença de escolas de samba no ambiente corporativo, com direito a fantasias e instrumentos musicais.
Há poucos meses, a L´Oreal reuniu cerca de 100 diretores e gerentes num espaço ao ar livre, próximo à Floresta da Tijuca, para uma série de dinâmicas e treinamentos com o objetivo de rever, avaliar e inovar a gestão da empresa. Durante dois dias da semana, os executivos foram envolvidos em atividades lúdicas e convidados a montar cenários com peças de lego e personagens: super heróis, monstros e dinossauros. a cena deveria levar em consideração os principais desafios, problemas e soluções que fazem parte do dia a dia da organização.
- Esse tipo de atividade deixa as pessoas mais à vontade para dizer o que pensa, pois é como se a responsabilidade não fosse dela, e sim do personagem utilizado na brincadeira. Dessa forma, é mais fácil captar o que ela está pensando ou sentido de verdade. Isso no mundo corporativo é ótimo, pois as pessoas tendem a ficar muito imparciais - comenta o diretor jurídico da L´Oreal, Júlio Cesar Silva, que foi um dos participantes do 'retiro' organizado pela empresa.
SOLUÇÕES EFICAZES
Para alguns, os treinamentos podem parecer brincadeira, mas são soluções sérias e eficientes para o mundo dos negócios, pois, estimulam o engajamento dos profissionais, ressalta o professor da Fundação Dom Cabral e especialista em Liderança e Gestão Estratégica de Pessoas, Roberto Aylmer.
Na sua avaliação, o Lego é uma boa ferramenta para explicitar diferentes situações corporativas, pois além de ser atrativos, principalmente para engenheiros, que respondem por grande parte dos cargos de liderança nas empresas, seus blocos permitem a construção de cenas que representam de maneira real o momento pelo qual a empresa está passando.
Aylmer é adepto da metodologia que usa blocos de montar há anos e diz que tem percebido uma adesão maior das empresas por atividades que estimulam os colaboradores a enxergar um mundo paralelo, um novo olhar sobre o negócio e os problemas que permeiam a rotina de trabalho.
- Os profissionais são estimulados a negociar montar estruturas e explicar o que construíram com as peças de Lego. Por meio de cenários montados, os executivos são incentivados a trazer à tona uma série de percepções antes não observadas e acabam entendendo o real papel deles nas empresas.
Fruto de uma fusão recente entre Rock- Tenn Company e a MeadWestvaco, a WestRock Corporation apostou nesse tipo de treinamento para entender como os líderes estavam reagindo ao momento de transição na empresa. A diretora de Relações Humanas, Heloísa Lopes, disse que os resultados foram surpreendentes. Ao mesmo tempo em que alguns gerentes e diretores demonstraram medo nos cenários montados com as peças, outros mostraram otimismo diante dos desafios.
-Isso nos deu uma visão sistêmica sobre o que está se passando na cabeça dos líderes. É mais fácil elaborar planos de ação quando se tem informações concretas.
ATIVIDADES LÚDICAS MERECEM CAUTELA NA CONDUÇÃO
Os treinamentos podem ganhar ares de festa e não atingir o objetivo de impactar a rotina do negócio
Além de blocos de montar, ela conta que costuma apresentar às empresas outras 'brincadeiras inusitadas' como comunicação por meio de olhos vendados, jogos de tabuleiros e organização de desfiles de escolas de samba. Nessa última , os profissionais são encarregados de escrever um enredo, compor uma letra de samba e de organizar alas e as respectivas fantasias.
- Isso cria um entrosamento muito grande entre as equipes que têm que realmente se unir para concluir a atividade.
Mas essa soluções inusitadas serão benéficas para a empresa se houver objetivos claros. A ideia é fornecer algumas pitadas de diversão e logo trazer os profissionais para o ambiente concreto do negócio.
Gerente de Transição de Carreira da Thomas Case, Gisele Franco diz que treinamentos lúdicos são indicados para grupos multiculturais a ajudarem a quebrar barreiras e a desenvolver competências como atitude e liderança, além de aumentar a retenção de conhecimento. segundo ela, a prática da culinária também pode ser uma ótima atividade para o ambiente corporativo.
- Propor a atividade de elaborar pratos utilizando ingredientes disponíveis tira o profissional da zona de conforto e permite trabalhar a criatividade, a negociação por meio de troca de ingredientes com outros grupos, organização, liderança e capacidade de lidar com a frustração.
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