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DEPRESSÃO E DOR

DEPRESSÃO E DOR




Estudos apontam que depressão e dor possuem relações bem estreitas. A depressão pode vir antes da dor crônica, ser resultado de uma dor atual ou ser um evento biológico que coexiste com a dor crônica

O sucesso do tratamento vem da compreensão do profissional de saúde da existência desta relação entre dor e depressão. O que fica ainda mais claro para entender o conceito fornecido pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP). O interessante nesta definição é a capacidade de perceber também o aspecto emocional:

"Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com danos reais e potenciais em tecidos, ou assim percepcionada como dano".

A experiência da dor crônica pode ser muito incapacitante, tornando muito difícil o cotidiano de quem a experimenta, o que pode também ser um motivo para produzir um quadro depressivo. É frequente observar sintomas depressivos numa pessoa com dor crônica cuja dor persiste por dias, meses e anos. A depressão também pode aumentar a intensidade da dor e da incapacidade, assim como fazer com que a disfunção relacionada à dor permaneça.  

 Associado a isso, a depressão pode também aumentar a intensidade da dor e da incapacidade, bem como perpetuar a disfunção relacionada a dor provocando um tipo de círculo vicioso entre problemas pessoais diversos como por exemplo,luto, solidão, baixa estima, estresse, tensão muscular, dor, instabilidade, fraqueza muscular e tensão nervosa.

Tratamentos de neuromodulação da dor podem ser usados tantos para a depressão quanto para a dor. É o caso dos antidepressivos assim como a estimulação magnética transcraniana, a prática de exercícios físicos, cada vez mais recomentados e até mesmo a aplicação da toxina botulínica.

A queixa mais comum em quadros depressivos é a insônia. A dor vem em segundo lugar. Pessoas que sentem dor e depressão podem apresentar irritabilidade, raiva, comprometimento da memória e atenção, hostilidade, medo de movimento, falta de esperança, sentimentos catastróficos e aumento da atividade do sistema nervoso simpático. Esta região do cérebro está relacionada aos mecanismos para a reação de luta e fuga que é natural existir no organismo, mas nestes casos disfuncionais encontra-se superexcitada, num permanente estado de prontidão. Verifica-se também neste quadro, pessoas vivendo uma insatisfação com as suas vidas, consigo mesmas, problemas no casamento, problemas no trabalho etc.

Observa-se que uma parte destas pessoas ao vivenciar um longo período de dor e depressão, desenvolvem um sentimento de desamparo onde crê que não pode controlar a situação e portanto não toma nenhuma atitude para evitá-la. Nesta visão, a depressão é entendida pela pessoa que vive como um mecanismo do qual não tem nenhum controle.

Boa parte das vezes, o indivíduo percebe a situação que vive como algo permanente (exemplo: eu NUNCA vou melhorar) e universal (NINGUÉM entende o meu sofrimento, eu já fiz de TUDO! por exemplo). Logo não reclamam mais e creem que nada nem ninguém é capaz de ajudá-los e não tomam atitudes para mudança. As alterações no organismo são imensas e variadas nestes quadros que vão de alterações diversas como por exemplo hormonais e no metabolismo.

A qualidade do sono, alteração do humor, alteração do apetite, diminuição da performance ocupacional, alteração na concentração, diminuição da libido, fadiga ansiedade, uso de medicamentos e drogas, ideação suicida, preocupação também com sintomas do corpo como por exemplo formigamento etc devem ser alvo de atenção do profissional de saúde. A pessoa deve ser examinada de modo global 

Entender a relação entre a dor e depressão é essencial para o sucesso do tratamento. Pode ser necessário uma intervenção interdisciplinar.

Regina Bomfim

Associação Internacional para o Estudo da Dor
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor

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