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ÁGUAS DE MARÇO: APRENDER A SER SOL EM TODAS AS ESTAÇÕES



ÁGUAS DE MARÇO: APRENDER A SER SOL EM TODAS AS ESTAÇÕES




Aconteceram fortes chuvas no mês de março. Chuvas já anunciadas, chuvas de sempre e os velhos problemas na cidade do Rio de Janeiro também são de sempre... Num destes dias não consegui escapar. Sabe aquelas chuvas de vento que não adianta guarda-chuva?


Voltando pra casa, lutando com o guarda chuva, a roupa toda molhada, os pés, sem galocha, idem. Detesto molhar meu pé. Por isso, o que mais quero nestas horas, é chegar em casa, tomar um banho e fazer um chá. No caminho de volta, este passou a ser o meu "mantra" silencioso, além de rezar para não encontrar ninguém.

Vi uma família bem comum. Era um pai com seus dois filhos pequenos voltando da escola completamente "ensopados" de chuva, mas que riam, conversavam e cantavam alegremente numa "bagunça" linda de ver.

Ainda tinha a brincadeira de atravessar a rua, "a cereja do bolo" de toda aquela festa. O pai. segurando os dois em cada braço, os levantava para pular a poça de água, o ponto alto de toda aquela alegria que comecei a definir como celebração, onde os risos eram mais altos. Era 1, 2,3 e já!! E mais gargalhadas, histórias e músicas animadas. O chove chuva de Jorge Benjor estava lá. 

Nisto, um pequeno grupo de mulheres, possivelmente saindo do trabalho, ao olhar para a doce algazarra disse:
- Pra criança tudo é festa!

O mundo adulto logo tem uma explicação racional para tudo, tudo se define...

Celebração. A celebração da simplicidade, a celebração do Tudo que existe no Nada, celebrar a Vida, coisa que a criança sabe como ninguém fazer. Nessa hora, meu ânimo mudou por completo e me fez pensar no quanto ao nos tornarmos adultos, perdemos a capacidade de celebrar o simples, de contemplar a existência usando nossos sentidos e viver uma alegria sem motivo em nome de um ser racional, pré-ocupado porque preocupar-se virou sinônimo de ser responsável porque tudo na vida precisa ter uma utilidade, tudo tem que ter um motivo, a alegria tem que ter um motivo.

Naquele dia agradeci por meus olhos e ouvidos, agradeci pelos meus olhos e ouvidos que puderam ver, ouvir e receber uma aula de simplicidade e pensei que celebrar sem motivo pode ser uma coisa que não precisamos perder. Aí eu percebi que lutar com o guarda-chuva e molhar o pé pode ser apenas um detalhe. Lições imensas.

Regina Bomfim

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