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DONA DE CASA: PODE TER ESTA OPÇÃO?


(Elaine Machado)
Tá pensando o quê?
Eu pego no batente dentro do meu lar
Não fico de bobeira, de pernas pro ar
Vai ver que eu trabalho mais do que você
Tá pensando o quê?
Eu quero ver você lavar e cozinhar
Gerar uma criança e depois cuidar
É só ter consciência pra reconhecer

Eu dou meu jeito
Quando a criança chora
E de repente chega a hora da escola
Quando eu penso que já terminei
Limpo de novo o que já limpei
E nem recebo pra fazer cerão
No fim do dia deixo tudo arrumadinho
Eu faço tudo com amor e com carinho
Sou a parte mais perfeita da costela de Adão

Sou mulher
E tenho meu nome
Sei teu sobrenome
Não morro de fome
E sem esculacho
Sou até mais homem do que muito homem
Sou mulher
E tenho orgulho em dizer
A dona da casa sou eu


DONA DE CASA: PODE TER ESTA OPÇÃO?



SER DONA DE CASA, ESTAR DONA DE CASA, SER DONA DE CASA POR OPÇÃO

Estar dona de casa por motivo de desemprego, doença, licença maternidade, para cuidar de um familiar e outros tantos motivos...

Algumas vezes percebi em diferentes situações mulheres dizendo serem donas de casa como que se desculpando por estar neste momento, demonstrando velada ou abertamente uma insatisfação em estar neste lugar. Ser dona de casa ao longo dos anos sempre foi uma atividade capaz de despertar muitos sentimentos bons e ruins nas mulheres. 

Há muito tempo atrás, ser dona de casa era a única atividade permitida a uma mulher. Uma função coadjuvante, mas ideologicamente defendida como sublime somado ainda aos valores religiosos bem presentes na formação de nossa sociedade judaico-cristã.

Naquele tempo, à mulher era dada a função de ser a mantenedora afetiva e, digamos, operacional da estrutura familiar. Entendendo a função social presente nas tarefas executadas pela mulher assim como sua função exclusivamente reprodutiva, sua responsabilidade era cuidar da apresentação social, de criar todo um ambiente afetivo, produzindo um cenário favorável nos mínimos detalhes para o crescimento do homem de modo que ele apenas se ocupasse da tarefa de prover, sendo assim o esteio emocional, operacional e até mesmo motivacional deste homem que em sua imagem pública assim como dos filhos eram qualificados pela dedicação ou não, pela eficiência ou não do seu trabalho.

A atividade da dona de casa, ao contrário do que se pensa, é repleta de inteligência emocional, criatividade e um trabalho físico exaustivo, pois há sempre algo a fazer. Estar em casa não significa que sua tarefa não é complexa, que tudo é fácil pelo fato de se "estar em casa e não ter que sair todo dia e se estressar no trabalho" Quem disse que a atividade doméstica não pode ser igualmente estressante? Este lugar de desvalor que muitas vezes é dado à  mulher dona de casa não procede, porque a dona de casa antes de tudo é uma facilitadora, com sua capacidade multitarefa e sua visão estratégica. 

O maior problema na minha opinião, ao longos dos séculos, foram as imposições. Colocar uma pessoa num lugar e achar que ela não pode ser nada mais do que isso, de que cabe à mulher ser sempre a cuidadora, mesmo que a família seja numerosa, da mulher ser sempre àquela que "segura" tudo de todo mundo, resolve a vida de todo mundo e para ela apenas fica o pedaço mais magro do frango no jantar... O que aprisiona é o que adoece.

Também é importante falar das mulheres que transformaram esta falta de voz e desvalor em que foram colocadas, em perversidade e manipulação ou numa esperança do filha(o) crescer e resgatá-la de uma situação desagradável nas relações familiares. É complexo falar disso e não cair no numa visão unidimensional é importante. Em todo caso, sempre existem os dois lados. Mas não podemos deixar de levar em conta que também há ainda em nós, sem perceber em muitas ocasiões a reprodução do machismo tanto no homem quanto na mulher



Há mulheres que hoje escolhem ser donas de casa em tempo integral por quererem participar integralmente da criação dos filhos ou por outros motivos, abrem mão dos seus empregos ou nunca desejaram ter uma vida profissional. Quase sempre são mulheres muito conscientes do seu lugar no mundo e em geral conquistaram para si relações de parceria igualitária em que poderão se permitir mudar de ideia. Há homens hoje que assumem com muito brilho a função de cuidar da casa e dos filhos ficando com a mulher a tarefa de prover a família ou ocorre uma divisão de tarefas bem estruturada entre os casais que trabalham. Novas configurações familiares estão surgindo, novas mentalidades estão começando a arejar as relações e lentamente um caminho mais livre vai se desenhando.

Ser dona de casa de modo algum representa uma derrota por não ter uma vida profissional ou um retorno à situações de opressão. A mulher tem o direito de ser quem ela quiser, pois o mais lindo na vida é dar a si mesmo a liberdade de mudar de ideia, se dar a liberdade de estar em relações de parceria onde o crescimento de quem quer que seja jamais será uma ameaça. 

Regina Bomfim

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