A MULHER QUE ATRAI RELAÇÕES TÓXICAS: O "DEDO PODRE"
Não é um texto sobre culpar a mulher. Ser mulher já é carregar tanta culpa... Mesmo vítima sempre há de antemão uma dúvida presente se contribuiu para o delito cometido. Repito, não é um texto para culpar a mulher, mas um texto para convidar a mulher a verificar suas "chagas emocionais".
Na sua história podem haver situações em que se sentiu insuficiente e isso sem perceber tornou-se um "projeto existencial" de encontrar alguém para preencher esta lacuna, ou seja, uma "fratura" emocional ocorreu, mas ficou ali sem cuidado, somente sob a ação do tempo... Sem perceber a mulher passa a crer ser preciso encontrar alguém para suprir essa carência, alguém para tratar da sua fratura. Elogios sem critério (não é que não mereça elogios) e ações românticas excessivas, presentes quase sempre apenas no ato da conquista, podem dar a impressão de ter encontrado "a pessoa".
Sem perceber, situações na sua vida amorosa se repetem e a mulher começa a achar que tem o chamado " dedo podre'.
Uma educação com base na ideia de que a "vida é bela" ou não tratar de assuntos que mostrem as durezas da vida também podem ser igualmente perniciosos para o desenvolvimento emocional de uma mulher.
Saber que podem existir pessoas até mesmo da família que mediante ameaça podem forçar relações sexuais, tocar em partes do corpo que merecem ser resguardadas, saber que pela cor da pele pessoas tolas podem não se aproximar ou fazer piadas sobre sua aparência, saber que homens não são "príncipes", saber cuidar desde cedo das suas finanças, ter educação financeira . Amor e sexo é ótimo, mas é preciso observar se a pessoa é confiável, digna da sua atenção, incentivar o estudo e o crescimento integral.
Usando uma linguagem adequada ao mundo infantil, fortalecendo sua autoimagem somada a tudo que a educação formal também pode contribuir, além de políticas públicas que devem proteger a mulher ( a recém criada patrulha Maria da Penha, a Lei Maria da Penha que é um mecanismo ainda precisando de ajustes, mas uma conquista inegável. Há lugares do mundo que se uma mulher some, ela some e ninguém fala nada). Tudo isso deve incluir o homem ajudando na desconstrução do machismo estrutural ainda presente em nossa sociedade.
O "dedo podre" pode não ser apenas a questão de sorte, mas olhar para si própria identificando suas reais motivações na busca de um parceiro amoroso. Independência financeira ajuda muito, mas desenvolver habilidades emocionais é muito mais importante (vide a Juíza, era uma mulher que tinha seu trabalho, mas não sabemos ao certo, o que a motivou abrir mão da escolta, se foi apenas o pedido do filho que pesou).
Ver o amor como uma soma de duas almas únicas, livres, não como algo para suprir carências. Enquanto estas motivações, estes gatilhos emocionais não ficarem claros, a pessoa continuará guiada por "pontos cegos", observando situações de violência, desrespeito se repetirem.
Estar com um parceiro amoroso deve ser uma experiência leve e divertida para ambos. Na minha opinião, não creio tanto em procurar, mas uma coisa que acontece. Ou não. Cada um vê de um jeito.
Tinha que escrever sobre estes recentes feminicídios e abusos noticiados.
Regina B.
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